sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Tudo se resume a números

Tudo se resume a números.

Assim pensa o governo em relação às suas áreas de intervenção fundamental. Todos os dias lemos e vemos nos jornais e televisões que os assaltos violentos à mão armada continuam. O ministro da Administração Interna vem ao Parlamento dizer que «A actual situação é dominada pelas forças e pelos serviços de segurança. A criminalidade desceu no primeiro semestre deste ano, mas o Governo acompanha com toda a atenção, solidariedade com as vítimas e condenação veemente dos criminosos os recentes crimes graves e violentos» (a onda de violência começou a partir de Julho, vamos ver o que os números de Dezembro mostram).

Vive-se mais um começo de ano lectivo turbulento, com problemas de colocação nas escolas e 45 mil professores no desemprego. O governo lança areia para os olhos mostrando estatísticas sobre o "choque tecnológico" a partir de um obscuro "ranking da Universidade de Brown".

Os números valem o que valem, e as estatísticas são importantes para medir o pulso a muitas políticas e situações sociais. Porém, eles são apenas um espelho da realidade. E os espelhos por vezes, sem grande luz a reflectir, dão uma ideia errada do que se passa. As estatísticas são sempre subvalorizadas quando não interessam. E o contrário é uma festa para os governantes. Se este governo começar a ver as intenções de votos a diminuir e as eleições a aproximarem-se, talvez faça como Cavaco Silva quando se aproximava a queda do seu governo: questionado sobre sondagens negativas, afirma, em passo de corrida, que as sondagens não tinham grande valor e que o governo tinha as suas próprias sondagens. Um jornalista radiofónico pergunta-lhe: e o que dizem essas sondagens? Nesse momento, aconteceu o silêncio mais revelador da história da rádio em Portugal.

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