quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Suspiro cansado

O verão inteiro a prometer-me uma longa tarde em jardins encantados pelas paisagens maravilhosas do Porto, acompanhado com um bom livro para me perder despreocupadamente noutros mundos. O verão inteiro para me falhar nessa promessa.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

O que ando a ver...

Regresso ao cinema mudo, ao génio de Charles Chaplin

The Immigrant (1917): Comédia genial em que o "vagabundo" (the tramp, a figura criada por Chaplin) é um imigrante. A cena da chegada à América, com a filmagem em plano médio do rosto dos imigrantes cheios de esperança, inspirará Coppola para uma cena semelhante quase 60 anos depois em The Godfather II.

A Dog's life (1918): Média-metragem em que o "vagabundo" tem como aliado também um pequeno cão abandonado. As cenas passadas no bar são hilariantes, e o pequeno vagabundo e o seu companheiro acabam por ter um final feliz.
The kid (1921): um dos mais enternecedores filmes de Chaplin. O "vagabundo" vê-se com uma criança em mãos. O resultado são risos e situações comoventes.
Pay day (1922): uma das melhores comédias de Chaplin. A inventividade dos gags domina o filme do princípio ao fim. Chamo a atenção para a cena em que Chaplin apanha os tijolos que lhe atiram. Puro génio.
The circus (1928): é um filme imortal, que daria para uma grande reflexão sobre Chaplin. Filme último e filme primeiro. Homenagem a um tipo de cinema que estava em declínio - o burlesco - na primeira parte do filme. Passagem, numa segunda parte, para um tipo de humor diferente. Para um vagabundo que reconhece que o seu papel mudou. Já não é ele que fica com a rapariga no fim. Já não tem lugar no "circo". Só a solidão lhe resta. A despedida da sua eterna figura de "clown" começa a desenhar-se neste filme, sendo praticamente consumada no seu filme seguinte, City Lights (1931).



domingo, 23 de setembro de 2007

Crónica ao domingo

Van Gogh, Campo de Trigo com Corvos, Auvers-sur-Oise, 1890

Perdoem-me os meus leitores pela parca regularidade deste blog. A vida não tem deixado mais tempo para estar em frente a um computador a escrever, para além de, acreditem, ser saudável por vezes afastarmo-nos dos meios de comunicação como a Internet ou os telemóveis. Sabe bem agarrarmo-nos a um bom livro ou filme e com eles também viajarmos por mundos virtuais da nossa imaginação. Porém, faço aqui um pequeno balanço das situações que me chamaram a atenção nesta semana que passou. Porque um dos maiores prazeres que ainda tenho é ler jornais e manter-me informado.

1) Na próxima sexta-feira o PSD elege um novo líder. Desde cedo que tenho o feeling que Marques Mendes voltará a vencer a eleição de líder do partido, perdendo assim Menezes um grande sonho de protagonismo. No entanto, dos dois qual o menos mau? Mendes é um homem do aparelho. Desde que comecei a perceber algo de política que no PSD surgia sempre, ao lado do presidente do PSD ou no Parlamento, a figura caricaturável de Marques Mendes. Não sendo um grande líder, é no entanto alguém que chegou à actual liderança numa sucessão de acontecimentos que lhe foram favoráveis - desde a saída de Durão para abraçar um cargo de alto prestígio (sim, continuo a defender Durão pela sua escolha, não falando de "fuga", palavra tão apreciada pela extrema-esquerda) até ao governo anedótico de Santana, vários acontecimentos fizeram Mendes chegar ao poder no PSD. Mendes, pelo que me parece, não trouxe nada de novo ao partido. Admiro-lhe uma certa coragem por limpar o PSD dos famosos casos de corrupção que levaram ao surgimento dos candidatos bandidos. Porém, julgo que não tem condições para ser um primeiro-ministro à altura do país. Não ganhou um único debate parlamentar. Não demonstra ter uma ideia decente para Portugal. Mesmo na sua recente entrevista ao Expresso as suas ideias para o país são confrangedoras, e denunciam os temas de batalha que o PSD conheceu desde sempre, com muitas referências à liberalização pelo meio.

Menezes... Apesar de não o apreciar como grande político e achar que lhe falta o perfil de homem de Estado, a verdade é que lhe reconheço obra em Gaia. Vivo do outro lado do rio (que palavra ambígua...), e nos últimos anos vi a maior cidade do norte do país transferir os seus maiores valores para a margem esquerda do Douro. Menezes fez coisas boas por Gaia, sem dúvida. Transformou uma cidade periférica numa cidade que amedronta a Invicta. Teve coragem para seguir em frente quando muitas vezes a cautela aconselhava calma. Teve coragem para impôr as suas ideias ao eleitorado. Olhando como cidadão, admiro o que ele fez por Gaia e o modo como roubou protagonismo ao Porto, a minha cidade, apesar da grande justificação para este estado de coisas ser na outra margem, como rival, Menezes encontrar um presidente de câmara politicamente inepto. Se eu fosse militante do PSD (o que nunca serei) o meu voto iria para Menezes, o menos mau dos dois candidatos. O maior partido da oposição precisa de vida. De sangue novo. E com Mendes não vai lá, está visto.

2) Não tem sido muito boa a Presidência portuguesa da União Europeia. Desde o utópico tratado reformador não atar nem desatar (que apenas é um tratado para a história antes da inevitável constituição porque um dia a Europa há de ter a sua constituição formal) até às gaffes de Sócrates na América, Portugal não tem apresentado bom trabalho a nível europeu. A última má noticia parece ser o aparente falhanço da cimeira UE-África. Com Mugabe e sem Gordon Brown, a cimeira arrisca-se a discutir direitos humanos, arrisca-se a ser uma sucessão de palavras vãs de apoio aos líderes africanos. E, mais uma vez, arrisca-se a que não se discutam os verdadeiros problemas de África, continente que parece amaldiçoado. Falar-se-á da fome que afecta milhões de seres humanos de relance, e a discussão acabará num faraónico banquete. Discutir-se-á a SIDA em poucos minutos. No fim, mais uma vez, os políticos deixarão palavras vãs para a construção de África. E o continente negro continuará como uma ferida na crosta terrestre, desde que os primeiros colonizadores lá chegaram.

3) Confrangedora a recepção ao Dalai Lama em Portugal. O país presidente da UE mais uma vez mostrou que prefere navegar ao sabor dos interesses económicos do que receber o líder de uma causa nobre. Certamente Sócrates e Cavaco temiam que Ana Paula Vitorino, a secretária de estado dos transportes em visita à China naquela altura, fosse raptada se recebessem o Dalai Lama.
A verdade é que este caso vem demonstrar a falta de coragem dos políticos portugueses (excepção feita a alguns, como Jaime Gama). E vem provar que, apesar da UE diluir diferenças políticas, atitudes como a de Angela Merkel ou da Generalitat da Catalunha, que receberam o Dalai Lama com honras de Estado, marcam a diferença entre as grandes nações (permitam-me a ousadia de rotular a Catalunha como uma nação) e as pequenas. E assino por baixo o que afirmou Marcelo Rebelo de Sousa sobre a justificação de Luís Amado: ou somos (portugueses) muito estúpidos, ou ele disse uma coisa estúpida (as razões óbvias).

4) 30 anos depois. Os eléctricos estão de regresso à Baixa do Porto. Admirador confesso deste meio de transporte, não foi sem emoção que presenciei, nesta sexta-feira que passou, o regresso dos "amarelos" ao coração da cidade. O Porto merece ver correr nas suas artérias nobres os velhos eléctricos, amigos do ambiente e simpáticos para os passageiros. Apesar de não ser fruto da sua governação (o projecto do regresso dos eléctricos estava previsto desde a Porto 2001, na altura em que o PS mandava na câmara da Invicta) Rui Rio tem o mérito de ter pegado no simpático projecto dando-lhe rodas para andar. Concordo com ele, apesar de ter dito de forma demagógica, quando afirmou na inauguração que o regresso dos eléctricos à baixa "faz o Porto ser mais Porto". Foi o que eu senti ao ver passá-los na tarde de sexta. E também o sentiram os comerciantes e a população da cidade quando aplaudiu a sua passagem. Só mentes fechadas como as de Laura Rodrigues, presidente da Associação de Comerciantes do Porto, não entendem a tipicidade deste meio de transporte, a importância que poderá ter para trazer gente à baixa. Também das hostes do BE surgem críticas a Rui Rio por em 2001 ter negado o projecto e agora estar a apoiá-lo. Mas um político não pode mudar de opinião? Infelizmente, o BE perdeu uma oportunidade de ficar calado. Mas se este partido só falasse quando tivesse boas ideias, talvez só de longe em longe o ouvíssemos.

5) Adeus Mourinho. O Chelsea mandou embora o maior treinador da sua história. Como já hoje se notou (perdeu 2-0 contra o Manchester United), começa agora um período de declínio da equipa londrina. Porque Mourinho é único. É o special one. Quando se soube da sua saída, os adeptos de Portugal inteiro sonharam, por momentos, que o melhor treinador do mundo rumasse ao grande que habita nos seus corações. Eu próprio por momentos sonhei com o seu regresso. Mas logo caímos na real. Mourinho não vem para Portugal. Este país é demasiado pequeno para ele.

6) A Parceria A. M. Pereira editora é, na história do mercado livreiro português, uma das editoras que já melhor catálogo tiveram. Famosa ficou pela sua colecção camiliana em 80 volumes entre outras edições. Depois do 25 de Abril, a editora entrou em declínio e voltou a abrir à uns anos atrás. Na altura em que voltou ao mercado, lembro-me de pensar que seria uma boa ideia eles relançarem, em edição facsimilada, a Mensagem de Fernando Pessoa, porque foi nesta casa editora que o nosso maior poeta editou o seu único livro em português em 1934. No mesmo dia em que os eléctricos regressaram à baixa, tive uma bela surpresa na FNAC. No escaparate das novidades lá se encontrava a Mensagem. Edição facsimilada.

7) "Pare, escute e olhe". Desde que existem comboios que este aviso prolifera em tudo o que são locais de atravessamento da linha férrea. Nos últimos tempos, porém, várias notícias têm vindo a público em relação a atropelamentos mortais por comboios. Normalmente, depreende-se da notícia que a culpa é do atropelado... Lembro-me quando era mais novo ir várias vezes no verão a Espinho, cidade nascida nas margens da linha do norte, principal eixo ferroviário em Portugal. E recordo-me, ainda hoje, que fechadas as cancelas para passar o comboio, as pessoas usavam e abusavam da sorte. Desde idosos apressados para a praia até jovens ousados. Só mesmo quando a passagem do comboio estava eminente é que ficavam quietos. Porque cumprir regras básicas de segurança não está nos hábitos do português, que julga que tudo acontece aos outros. Depois, admiram-se que a culpa seja das más localizações das passagens-de-nível, mesmo que esta esteja a meio de uma enorme recta. E as tragédias acontecem.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Memorial de 11 de setembro

Deus deve estar de costas voltadas para o mundo neste dia 11 de setembro, dia de relembrar tragédias nacionais e internacionais.

1 - 11 de setembro de 1973. Chile. Dia de um dos mais sangrentos golpes de Estado do século XX. Há 35 anos atrás Pinochet chegava ao poder à custa da invasão do Palácio de Moncloa, residência do Chefe de Estado chileno, onde um corajoso Salvador Allende, presidente eleito democraticamente, defendia o país de um golpe fascista. Ali ficou. E depois dele, o Chile assistiu a uma página negra da sua história. Milhares de oposicionistas ao regime desapareceram. Outros foram torturados e ficaram marcados para toda a sua vida. E o ditador, Augusto Pinochet, em paz morreu o ano passado, apenas com o julgamento da história. Mas esse o que importa depois de morto?

2 - 11 de setembro de 2001. EUA. Era uma terça-feira de fim de verão, uma quente terça-feira. Preparava-me para, em família, dar umas voltas pela baixa. Antes de iniciar o périplo, como é hábito, passei no café habitual. Ao entrar reparei que os olhos dos fregueses estavam à televisão colados. Mas não me apercebi imediatamente do que estava a acontecer. Um avião passa ao lado de uma torre... mas... não aparece depois do outro lado da torre? E aquilo onde é? Aqueles edifícios são em Nova Iorque... Aproximei-me da televisão. As imagens tinham mudado de repente, e os pivots davam atabalhoadamente outra informação: um avião tinha colidido com o Pentágono. Não me queria acreditar. Naquele momento nada se podia pensar. Todas as ideias culpas e sentimentos que podíamos exprimir não acompanhavam a mudança que acontecia em directo, vista pela televisão em todo o planeta. Um mundo onde as ilusões de segurança se desmoronava com as twin towers. Um século XXI trágico ali começava. E depois dele Iraque, Afeganistão, Madrid, Londres, etc. complementaram o que ali tinha começado: um novo mundo onde os mais bárbaros instintos passaram a reinar. Milhares de inocentes mortos desde esse dia.

3 - 11 de setembro de 1985. Portugal. O verão caminhava para o seu fim. Era a altura dos emigrantes voltarem às suas ocupações em terras de França, onde buscavam a fortuna. Deixavam para trás a terra amada com uma lágrima no canto do olho. Na altura o transporte aéreo ainda não se generalizara. Os aviões eram para os ricos. Os dois principais aeroportos portugueses, Portela e Pedras Rubras, eram aeródromos. A principal forma de sair do país e voltar à Europa era de comboio, mais concretamente no Sud Expresso. Nesse dia a viagem não foi feliz. Devido a erro humano, na linha da Beira Alta, ao chegar à localidade de Alcafache o comboio internacional colidiu com um regional que fazia a ligação Guarda-Coimbra. O resultado foi uma das maiores catástrofes da história ferroviária em Portugal. Mais de cem pessoas pereceram no meio de carruagens em chamas. Quem sobreviveu a esse inferno, e quem o combateu (os bombeiros foram autênticos heróis), para sempre ficou marcado pela tragédia.

Tudo isto foi a 11 de setembro, uma data marcada para infortúnios. Uma espécie de dia da besta. Talvez em mitologias satânicas, ao lado do famoso número 666, 11/09 seja usado para lembrar um dia de desgraça. Porque para além do 11/09 de 2001, também em 1973 no mesmo dia aconteceu o sangrento golpe de estado no Chile conduzido por esse demónio depois disfarçado de bom velhinho que deu pelo nome de Pinochet. E, em 1985, cá por Portugal, aconteceu o mais grave acidente ferroviário em terras lusas. Em Alcafache, no concelho de Mangualde, na linha da Beira Alta.

Links sobre Alcafache:

Bombeiros de Canas de Senhorim

Fotografias de Alcafache


Mangualde online

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Tudo se resume a números

Tudo se resume a números.

Assim pensa o governo em relação às suas áreas de intervenção fundamental. Todos os dias lemos e vemos nos jornais e televisões que os assaltos violentos à mão armada continuam. O ministro da Administração Interna vem ao Parlamento dizer que «A actual situação é dominada pelas forças e pelos serviços de segurança. A criminalidade desceu no primeiro semestre deste ano, mas o Governo acompanha com toda a atenção, solidariedade com as vítimas e condenação veemente dos criminosos os recentes crimes graves e violentos» (a onda de violência começou a partir de Julho, vamos ver o que os números de Dezembro mostram).

Vive-se mais um começo de ano lectivo turbulento, com problemas de colocação nas escolas e 45 mil professores no desemprego. O governo lança areia para os olhos mostrando estatísticas sobre o "choque tecnológico" a partir de um obscuro "ranking da Universidade de Brown".

Os números valem o que valem, e as estatísticas são importantes para medir o pulso a muitas políticas e situações sociais. Porém, eles são apenas um espelho da realidade. E os espelhos por vezes, sem grande luz a reflectir, dão uma ideia errada do que se passa. As estatísticas são sempre subvalorizadas quando não interessam. E o contrário é uma festa para os governantes. Se este governo começar a ver as intenções de votos a diminuir e as eleições a aproximarem-se, talvez faça como Cavaco Silva quando se aproximava a queda do seu governo: questionado sobre sondagens negativas, afirma, em passo de corrida, que as sondagens não tinham grande valor e que o governo tinha as suas próprias sondagens. Um jornalista radiofónico pergunta-lhe: e o que dizem essas sondagens? Nesse momento, aconteceu o silêncio mais revelador da história da rádio em Portugal.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O prazer de ler Camilo


Nas pausas de algum estudo e de algumas saídas de casa, tenho ocupado o tempo a (re)ler Camilo Castelo Branco. E que bem sabe pousar os olhos nas palavras de um dos nossos maiores escritores, actualmente tão esquecido.

Comecei a ler Camilo quando ainda era muito jovem. Na altura a sua escrita já me encantava. Porém, confesso a dificuldade que tinha em perceber todos os sentidos do seu estilo vernacular, de penetrar em toda a sua fina ironia. Regressado agora às obras deste "agrilhoado das letras", como ele se apelidava, espanto-me com a descoberta de novos sentidos e interpretações. Aprendo, também, os sentimentos e personalidade do povo português do século XIX: desde os bons camponeses do Minho até aos burgueses do Porto. Passando por histórias de amores impossíveis, de fatalidades, até aos casamentos felizes e às histórias de filhos naturais a quem a sorte acaba por sorrir.

O estilo narrativo de Camilo é, também, extraordinário, já que o autor percorre os seus textos comentando-os com sinceridade, malícia, ironia, dirigindo o leitor para onde quer nos seus contos, novelas e romances.

Um escritor eterno. Que recomendo vivamente nestas longas "noites de insónia" deste Verão de Setembro.

Casos de Polícia

Portugal vive por estes quentes dias de Verão um grave problema que, se não for controlado atempadamente, pode um dia tornar-se mais incendiário do que os incêndios florestais. Refiro-me à onda de criminalidade que assola as noites do Porto e de Lisboa, para além dos diários assaltos a bombas de gasolina e a joalheiros que causam vítimas mortais. Entre outros tantos casos de violência extrema...
Porém, segundo o Público online, vários polícias agrediram um grupo de jovens na zona do Parque das Nações em Lisboa:

A PSP está a investigar a autoria e veracidade de um vídeo que circula na Internet desde esta semana e onde um grupo de alegados polícias agridem violentamente um grupo de jovens na zona da Expo, em Lisboa.


Na notícia segue o link para o vídeo que se encontra no Youtube. Estranhamente, como refere o Público, ninguém apresentou queixa em nenhuma esquadra da PSP. O que me faz pensar que a culpa pelas agressões possa não ser da polícia. Não poderia esta estar a defender-se? Não têm os agentes da autoridade direito à autodefesa? É inacreditável que em Portugal, país com cada vez mais problemas de insegurança, a nossa polícia seja tantas vezes vista como maus da fita. Podem sempre existir alguns elementos menos bons, como em todas as profissões. Porém, a verdade é que Portugal ainda não se livrou totalmente do trauma de antes do 25 de abril em que o agente policial era visto como elemento ao serviço de uma entidade superior que sugava a liberdade à população. Essa mentalidade tem que mudar, e temos que deixar a polícia fazer o seu serviço.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

União Ibérica: Cavaco responde a Saramago

Pronunciou-se o Presidente da República acerca da polémica despoletada por Saramago sobre a possibilidade de uma união ibérica. Afirma Cavaco, segundo o Público online, que tal hipótese de união real é "absurda.

Cavaco Silva, como Presidente da República, tem todo o direito de fazer estas declarações já que a sua figura como órgão de Estado (também) é uma garantia da independência nacional. Porém, Cavaco perdeu o "timing" certo para mostrar a sua posição, já que esta surge apenas dois dias depois de Saramago ter declarado ao Expresso que nunca cumprimentaria o actual Chefe de Estado. O presidente não quis declarar a sua indignação perante a ideia de uma união entre dois países quase imposssíveis de unir. Antes quis mandar uma indirecta a Saramago pela sua recente entrevista.