terça-feira, 11 de setembro de 2007

Memorial de 11 de setembro

Deus deve estar de costas voltadas para o mundo neste dia 11 de setembro, dia de relembrar tragédias nacionais e internacionais.

1 - 11 de setembro de 1973. Chile. Dia de um dos mais sangrentos golpes de Estado do século XX. Há 35 anos atrás Pinochet chegava ao poder à custa da invasão do Palácio de Moncloa, residência do Chefe de Estado chileno, onde um corajoso Salvador Allende, presidente eleito democraticamente, defendia o país de um golpe fascista. Ali ficou. E depois dele, o Chile assistiu a uma página negra da sua história. Milhares de oposicionistas ao regime desapareceram. Outros foram torturados e ficaram marcados para toda a sua vida. E o ditador, Augusto Pinochet, em paz morreu o ano passado, apenas com o julgamento da história. Mas esse o que importa depois de morto?

2 - 11 de setembro de 2001. EUA. Era uma terça-feira de fim de verão, uma quente terça-feira. Preparava-me para, em família, dar umas voltas pela baixa. Antes de iniciar o périplo, como é hábito, passei no café habitual. Ao entrar reparei que os olhos dos fregueses estavam à televisão colados. Mas não me apercebi imediatamente do que estava a acontecer. Um avião passa ao lado de uma torre... mas... não aparece depois do outro lado da torre? E aquilo onde é? Aqueles edifícios são em Nova Iorque... Aproximei-me da televisão. As imagens tinham mudado de repente, e os pivots davam atabalhoadamente outra informação: um avião tinha colidido com o Pentágono. Não me queria acreditar. Naquele momento nada se podia pensar. Todas as ideias culpas e sentimentos que podíamos exprimir não acompanhavam a mudança que acontecia em directo, vista pela televisão em todo o planeta. Um mundo onde as ilusões de segurança se desmoronava com as twin towers. Um século XXI trágico ali começava. E depois dele Iraque, Afeganistão, Madrid, Londres, etc. complementaram o que ali tinha começado: um novo mundo onde os mais bárbaros instintos passaram a reinar. Milhares de inocentes mortos desde esse dia.

3 - 11 de setembro de 1985. Portugal. O verão caminhava para o seu fim. Era a altura dos emigrantes voltarem às suas ocupações em terras de França, onde buscavam a fortuna. Deixavam para trás a terra amada com uma lágrima no canto do olho. Na altura o transporte aéreo ainda não se generalizara. Os aviões eram para os ricos. Os dois principais aeroportos portugueses, Portela e Pedras Rubras, eram aeródromos. A principal forma de sair do país e voltar à Europa era de comboio, mais concretamente no Sud Expresso. Nesse dia a viagem não foi feliz. Devido a erro humano, na linha da Beira Alta, ao chegar à localidade de Alcafache o comboio internacional colidiu com um regional que fazia a ligação Guarda-Coimbra. O resultado foi uma das maiores catástrofes da história ferroviária em Portugal. Mais de cem pessoas pereceram no meio de carruagens em chamas. Quem sobreviveu a esse inferno, e quem o combateu (os bombeiros foram autênticos heróis), para sempre ficou marcado pela tragédia.

Tudo isto foi a 11 de setembro, uma data marcada para infortúnios. Uma espécie de dia da besta. Talvez em mitologias satânicas, ao lado do famoso número 666, 11/09 seja usado para lembrar um dia de desgraça. Porque para além do 11/09 de 2001, também em 1973 no mesmo dia aconteceu o sangrento golpe de estado no Chile conduzido por esse demónio depois disfarçado de bom velhinho que deu pelo nome de Pinochet. E, em 1985, cá por Portugal, aconteceu o mais grave acidente ferroviário em terras lusas. Em Alcafache, no concelho de Mangualde, na linha da Beira Alta.

Links sobre Alcafache:

Bombeiros de Canas de Senhorim

Fotografias de Alcafache


Mangualde online

3 comentários:

White Castle disse...

11/09= 1+1+0+9= 11 ----» deve ter algum significado cabalístico

Anônimo disse...

Já não é o primeiro a relacionar estas três tragédias. Sobre o golpe de Pinochet já muito foi dito, sobre o 11 de Setembro muito ainda há-de ainda ser dito. Sobre Alcafache, é um assunto que ficou estes anos todos como recordação arrumadinha no meu cérebro. Porém sem saber porquê - felizmente o acidente não atingiu ninguém meu conhecido - desde Julho passado que fiquei com vontade de o investigar em pormenor. "Googlei" as palavras "alcafache comboios", fui à Hemeroteca de Lisboa consultar jornais da altura, e o resultado é uma despretenciosa página - sempre em actualização e correcção - que pretende, dentro do possível que a minha não formação como jornalista permite, condensar todo o que eu pude encontrar sobre o assunto. Se me permite, deixo aqui o endereço: http://pwp.netcabo.pt/pisco.pais/ Espero que não leve a mal ter utilizado o seu blog para dar o conhecer o meu site. Um bem haja.

João Fachana disse...

Epa, o 11 de Setembro já foi há muito, ja estamos quase em Outubro! Para quando um novo post?:P