quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Dia da pobreza

Foi hoje assinalado o dia Internacional para a erradicação da pobreza. Uma data importante para relembrar que, em Portugal, 2 milhões de pessoas sofrem com este problema que, em pleno século XXI, devia ter o olhar atento dos governos, e em especial do nosso.

Quase todos os que estão a ler estas linhas mal escritas certamente que estão debaixo de um tecto acolhedor. Acabaram de almoçar ou jantar ou, se não o fizeram, têm comida no frigorífico para regalar o estômago quando sentirem necessidade disso. Têm os vossos problemas? Sim, todos temos, é verdade. Mas quem estas linhas lê tem internet. Senão em casa pelo menos no local de trabalho ou na escola. Pode queixar-se do emprego, de as coisas não estarem a correr bem na escola. Mas não tem como tecto as estrelas e como casa-de-banho a sarjeta da rua. Não tem a vergonha de pedir esmolas à porta das igrejas ou nas artérias mais concorridas da cidade.

Sei que estou a ser exagerado. Que a definição de pobreza que estou a dar não se coaduna com a realidade. A maior parte dos pobres tem casa. Mesmo que seja em condições precárias, como nos bairros sociais, muitos deles degradados. Ser pobre é, como explicam hoje o Público e o JN:
É considerado pobre quem ganha menos de 60% da mediana dos salários do seu país. Isto é, quem tem rendimentos inferiores a 60% do vencimento auferido por metade da população. No caso de Portugal, corresponde a 360 euros por mês, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística referentes a 2004.
Ou seja, este número atinge 19% da população portuguesa. Este problema faz o país sangrar de vergonha. Porque ao mesmo tempo, os ricos estão cada vez mais ricos. Cada nesga de terra, em qualquer centro urbano, serve para construir casas. A construção civil impera. Os grandes grupos abrem centros comerciais por toda a parte. Veja-se o exemplo do Porto Plaza, que abrirá as portas muito em breve. Um grande centro de consumismo a apelar ao endividamento, aberto a poucos metros da Capela das Almas no cruzamento entre Santa Catarina e Fernandes Tomás. Onde, desde sempre, me recordo de ver um ou dois pobres a pedir. Hoje estavam lá. Eu vi-os... Até quando este país tem remédio?



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