segunda-feira, 20 de agosto de 2007

O Leopardo

"Nós éramos os leopardos, os leões; esses que nos substituíram são os chacais, as hienas; e todos os leopardos, chacais e ovelhas continuarão a acreditar que são o sal da terra."

Magnífico filme de Luchino Visconti "retirado" da novela homónima de Tomaso di Lampedusa, O Leopardo mostra o fim de uma era na Sicília (e também no resto do mundo) e o começo de outra que, por mais profundas mudanças que traga, fará com que tudo continue como está. Contradição? Não obrigatoriamente. Fabrizio di Salina, o nobre príncipe (brilhante interpretação de Burt Lancaster) percebe que o mundo à sua volta, comandado pela nobreza, está a ruir com o devir revolucionário dos novos tempos, personificado nos burgueses sem nobreza mas que passaram a ser donos do capital. Mas a mudança nada traz de novo. A miséria continuará a imperar nas ruas e Palermo e de Donnafuggata. E os revolucionários acabam por de novo trazer ordem à sociedade. A diferença mesmo reside na imortal frase de don Fabrizio que encabeça este pequeno post.

Um filme eterno como quase todo o cinema de Visconti (confesso, não gosto de Ossessione...). E, apesar de cara a edição que existe editada em Portugal na Costa do Castelo, o milaculoso restauro do filme vale cada euro.

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